O amor é outra coisa. O amor é fodido.
Título vago, mas ao mesmo tempo intenso.
Pela minha experiência de vida, de relações inter pessoais, busco na leitura o esclarecimento sobre o que é esta palavra, tao grande mas que por vezes tem que ser tão pequenina e tão subjectiva.
Correndo um risco muito sério, a comparação que faço é de leituras superficiais com uma leitura bem mais profunda.
Apenas porque o título chamou por mim, independentemente do autor.
Apenas porque acredito que, das várias edificações acerca do amor, criadas por MRP, PCF ou mesmo MEC, as mesmas vem de afirmações e de uma escrita superficial, para algo arriscado por um lado, prolongado e bem mais profundo.
Digamos que, Margarida conta um conto, à volta do amor. Criação de fantasia com realidade, carnal com imaginativo e defende à partida que a dependência emocional não deverá existir, apenas um sonho, que pode ser concretizado pela sensualidade, prazer e desejo de duas pesssoas estarem juntas, apenas agarradas. Sentirem-se. Tão simples como isto. Estarem e sentirem.
MRP, foi das primeiras autoras que li, quando começava a trabalhar na minha identidade e procurava perceber, numa escala mais pequena, o nosso mundo.
Escrita simples mas que na adolescência fez sentido.
Numa outra altura da minha vida, abracei, por outros motivos, o tão criticado PCF que, por isso mesmo me despertou também curiosidade.
Muito impulso, muita ação não ponderada, sem uma análise em perspetiva.
Acções curtas e simples, que trazem sentimento, e emoção fugaz, transmitindo paixão.
Preencheram porque já não me recordava o que fazer para sentir. E o facto de enumerar coisas tão simples, que saem da rotina, despertou em mim sensações que se tinham dispersado.
Por último, e num registo não tão descritivo como o curso de amor de Alain Buton, que também é um bom guidance, li MEC.
E que gigantesca de tudo:
uma obra prima pelo realismo que transmite. Nao há - e não é uma critica mas antes uma saudação- pedaço de sonho, pedaço de mistério, mas antes uma bipolaridade de emoções que entendo ser natural por quem somos perdidamente apaixonados. A crueza da ruga, a velhice, como podemos amar alguém assim, que por vezes é tão mau? E pelo facto de existir esse constante desafio, o compromisso é mantido. E a base, está na relação humana entre os dois.
Miguel não justifica a existência de amor por busca de felicidade, mas antes porque por razão desconhecida, não consegue desligar-se daquela bengala emocional, que o preenche.
Eventos relatados de forma tão crua, episódios tão simples e tão conflituosos que, naturalmente não precisamos de ter criatividade para mais.
A forma profunda como aborda o tema da longevidade, da adrenalina da novidade em que a felicidade ocupa um espaço interior, de cada indivíduo , a história de vida que nos partilha mostra-o: as relações flutuam e mudam, e estaremos na mesma enquanto esta nos satisfizer na dose que precisamos, em termos emocionais. Quando precisamos de algo mais, despolíramos a mudança e a saída da zona de conforto, sendo que nunca estaremos totalmente alinhados. A perfeição não existe e, e o amor, como mostram as meninas na infância também não.
Leitura pesada, com conteúdo e perspetiva. Amor completo, em todas as suas vertentes e sem tabus, onde a cumplicidade e o constante desafio prevalecem e explicam. Relação sem filtros e tabus, transparencia total, quer para o fim de uma aparência perfeita, onde a imaginação e a criatividade superam toda a cruel realidade.