FRIDA KALO
Não tive a oportundade de ver a sua exposição.
Mas tive a oportunidade de ver o filme da sua história. E que história de vida magnífica, e que mulher magnífica.
Mulher intensa, pelas cores, e pela rebeldia de levar a vida da sua forma: alegre, intensa, e da sua forma.
Desde a determinação com que recuperou do acidente que teve quando era mais jovem, até à capacidade de começar a andar.
Uma mulher que pelas suas emoções conquistou o mundo, pela forma como as conseguia transmitir, com uma clarividência e cores vivas incomparáveis.
Contra o que era suposto ser, e com a sua genuína rebeldia, encarou a sua vida pessoal de uma forma que me é muito identificável.
Contra o que era suposto ser, posou para uma fotografia de família vestida de homem.
Quando se apaixonou, perdidamente, casou com um homem a quem não exigiu fidelidade, apenas lealdade.
Curiosa a diferenciação, entre duas palavras que para muitos de nós poderão ter uma fronteira muito ténue.
Seguiu a sua aventura, e felicidade criando uma forma de estar particular e inovadora para a altura.
Sendo casada, ao primeiro momento de infidelidade, reagiu como uma mulher forte e corajosa, atrevida pela provocação, certamente para fazer sentir do lado oposto, o amargo sabor da infidelidade.
Mas, acreditando no amor que sentia por Diego Riviera, e sabendo à partida não ser crente do casamento, por todo o ciume que nele poderia emergir, acreditou e foi fiel ao que sabia que ia ter: alguém que lhe era leal e não propriamente fiel.
Acreditou e viajou com o seu marido para Nova Iorque, para uma das grandes pinturas que o Rockefeller poderia ter tido, não fossem as tensões políticias e familiares imporem outro fim para a grande parede de entrada deste edifício.
Sentiu o que era viver rodeada de ideias políticos com os quais não se identificava, sempre transparecendo isso para as suas pinturas.
Sentiu o que era estar no meio de um habitat que não era o seu por natureza.
Regressando às suas origens, tendo liderado essa mudança o seu marido sofre uma grande depressão de fracasso e falta de criatividade.
Encontra a sua irmã, separada do marido, tendo sido alvo de violência física que, ao aproximar-se de Diego, um homem capaz de " ver todas as imperfeições de uma mulher, como algo perfeito e que, por isso, não conseguia ser fiel", foi apoderada.
Este envolvimento, ingénuamente promovido por Frida foi o maior afastamento entre duas pessoas que se adoravam.
Frida, promove uma mudança de aparência, de estilo em busca de uma nova Frida. Acolhe, por amor aos seus ideiais e ao seu país um refugiado político, com quem se envolve.
Aqui, profere a meu entender uma das frases mais impactantes, " foste meu companheiro, meu amigo, meu camarada, mas nunca foste meu marido".
Fugiu para França onde se sentiu um mero objeto da sociedade, ávida por comunicar a diferença de estilo e de aparência que provocou no meio, como uma influência futura.
Gostou da experiência, mas reconheceu que o seu coraç\ao não pertencia àquele sitio.
A separação, acontece por tensões políticas. Após isso, regressam todas as dificuldades motoras do primeiro acidente que teve. O primeiro acidente desmorona, juntamente com o segundo: o casamento.
Mas, sendo um laço tão forte entre duas pessoas que, não crentes no casamento e plenamente conscientes do que poderia significar, mesmo assim avançaram e voltaram a ficar oficialmente casados. Partilhando uma vida durante 25 anos, com a perda de uma criança, e as dores de um corpo que nunca recuperou.
Nunca deixando de criar, de pintar, de sorrir e celebrar a vida.
Na sua última exposição, já sem qualquer mobilidade, fez questão de levar a sua cama e ir deitada nela, para celebrar a sua exposição no seu pais, onde escreve como despedida, que espera que a entrada seja juvial, e que não possa regressar.
Vida, como a de todos. nós de constante sofrimento, onde o escape era a pintura. E tão bem que transmitiu. E tão bem que pintou e marcou a diferença, na vida de tantas pessoas.
Os dois prometeram de início serem apenas camaradas, e acabaram casados. Os dois partilharam um caminho comum. E mesmo afastados, mesmo com relaç\oes extra conjugais, sabiam que as mesmas nada significavam.
Um filme digno de ver, pela história, pelo grafismo, pela beleza de Frida e pelas cores quentes misturadas com a música dramática do México, assim como com a sua cultura própria.