Casa de Papel
Estando tão trendy esta série, como poderia eu deixar de escrever sobre a mesma.
A casa de papel, das primeiras séries que vejo espanhola, que se posiciona em igualdade no que respeita a efeitos especiais e história, às demais séries que vêem do outro lado do Atlântico ( na sua maioria).
Reconheço que por forma a sentir-me ao tempo, fazia um esforço por acompanhar estas novas tendências e decidia ver uma nova série, mal me era recomendada, acho que por vezes sem a percepção de que realmente a queria ver, mas sim porque era novo para mim. Ou talvez para ter uma opinião, algo em comum, com um meio.
Bom, regressando à série propriamente dita.
Uma história cativante e que a mim em particular me cativou, pela identidade de cada um dos lideres do enredo, e porque me identifico claramente com as dúvidas, decisões e emoções partilhadas.
No caso de Raquel, curioso o seu nome, uma mãe solteira, com uma paixão e dedicação ao seu trabalho inigualável, uma obcessão pela prática do bem e pelo cumprimento das regras que permitem a ordem, no caos que se encontra a sociedade global.
Raquel, uma mulher frágil, com uma personalidade forte, crente em ser capaz de resolver todos os problemas de uma forma pragmática e eficaz, com uma determinanção que me é familiar, vive a sua rotina, enfrentando novos desafios pessoais, é coerente e determinada em provar ao mundo que é capaz de negociar sem ferir.
Contudo não o é, pelo menos moralmente e também perante a opinião publica, onde as armas da chantagem moral e emocional, exposição, e posição de força são usadas, para conquistar a vitória.
Salva, um ser também comum mas revoltado com o sistema, principalmente porque este bloqueou o sonho de seu pai, de imprimir liquidez no seu pequeno mundo. Inteligente, conservador, rico culturalmente e com uma capacidade de auto controlo fantástica, julga-se capaz de concretizar um plano infalivel, por tão detalhadamente estudado.
Conhecedor do ser humano, conhecedor que o domínio mais dificil de atingir para o ser humano são as emoções.
E estas descontrolam, tudo o que supostamente achamos que é controlável. E é na imprevisibilidade que mostramos a nossa capacidade de encaixe, adaptação.
Pessoalmente, a imprevisibilidade, traz-me adrenalina, e uma vontade de superação intensa, coom vontade de recuperar o que perdi, controlar, e alcançar o objectivo que pretendo.
Uma enriquecedora série, onde valores, principios morais, interesses individuais, relações emocionais são levadas á reflexão.
Pessoalmente, trouxe novamente a reflexão sobre o bem e o mal, a razão, a racionalidade, onde o bem, para atingir o objectivo é capaz de matar seres da sua propria raça e sociedade, e onde o dito mal, apenas pretende replicar o equilibro que o nosso sistema económico mundial gere, a uma escala mais pequena, e apenas com o intuito de alcançar a liberdade plena.
Pessoalmente, mostrou as forças que nos movem, em todas as nossas dimensões de vida. O que prevalece e é mais importante: a mente, o corpo e a liberdade que para uns, se representa pela estabilidade que têm, para outros, representa poder ir mais além.
A mente, pela percepção, o corpo pela sexualidade, a lliberdade pelo dinheiro.
Reforçou que não somos todos iguais, e feitos à mesma medida mas, semelhanças que possamos partilhar com alguém, de forma inesperada, aproximam-nos, porque existe interesse.
O balanço entre a gestão de uma sociedade, e a gestão de um grupo de sobrevientes.
O equilibrio, entre a razão, a carreira profissional, a exposição pública e a dita paz que todos nós buscamos, em gestos, momentos, bens, clima, tantas dimensões.
Série brindada por "Bella Ciao", música de revolta, contra o fascismo, e que evidencia, a beleza da juventude que se perde e se estraga com o trabalho.
Recomendo.