A meio do mundo
Espero que todos os meus textos vos tragam o mesmo conforto e equilibro que me trazem a mim. Acompanhada por um dos meus autores preferidos (MST), ele fez-me companhia na razão de escrever: escrevo porque transbordo emoções por cada pedacinho de vida diferente que tenho, porque tenho que partilhar estas boas vibrações, e não consigo ficar com elas só para mim. No autocarro para Porto Baleia, conheci o Carlos. Eu vinha a janela, a contemplar o cão grande, e a observar aquele grupo de pessoas, onde se via claramente que ele, era quem mais gostava de comunicar, de transmitir entusiasmo pela experiência que estava a ter. Ele, fez-me ver a mim. Querer partilhar tanto, com dificuldade em respirar. Estávamos os dois, a transbordar tanta felicidade, que a coincidência e a caída do telemóvel ajudaram. Falamos, e foi tão bom: ver nos olhos de alguém a experiência de visitar um país que lhe traz tantas recordações, da sua pequeninice. Conhecer alguém que não saia do seu país há 40 anos, e que tem um amor profundo pelo seu filho e pelas flores. Viemos o resto do caminho em conversa, onde a semelhança que nos aproximou foi a vontade de libertar a felicidade que a ilha nos trouxe, sem nos sentirmos muito diferentes, porque nesta característica fomos iguais. Andei em alto mar num barco de pesca, igual aos que fazem a travessia em cabanas de Tavira. Francisco, pescador e segurança nas Rolas sorriu porque o fiz sorrir. Cuma eeee? Tal e como aprendi no primeiro dia, a felicidade do seu crioulo e a tranquilidade da sua vida também se reflete na forma como prolongam a última sílaba de cada frase, à qual acrescentam um sorriso. Esse está sempre lá, assim como o sol e o vento. Para eles eu sou a Gacuela, não conseguem pronunciar o meu nome de outra forma. E eu gosto, faz-me de certa forma sentir em casa. Dias tranquilos se passam nas rolas, comendo caroço da caroceira na praia, e carambola na sobremesa. Dias tranquilos se passam nas rolas, onde inundo a paz deste sítio com gargalhadas profundas, e ele me inunda com a cor de cacau, que vou levar para casa. Dias cheios e felizes se passaram em São Tomé e nas Rolas, onde é concebida a eternidade, e o tempo, o passar do tempo só é notado, pelo regresso dos morcegos a casa, depois de uma jornada de trabalho na ilha de São Tomé. Pia Londe São Tomé. Seja-lovado.