Hoje é dia de gémeos
E partilho não com grande exposição, assim espero que hoje é dia de gémeos.
Gémeos que conheço há 34 anos, e que apesar de o serem, tão diferentes são.
Naturalmente que viram a luz, em momentos diferentes, mas muito próximos e exigiram uma carga dobrada de esforços, e de amor também.
Aqui o tema do género naturalmente contribuiu para que, não fossem vestidos com a mesma cor, nem vistos de forma igual.
Aqui, o tema do género, gerou também uma cumplicidade única entre os dois que em nada pode ser criticada, mas antes admirada pelo diferente e giro que deverá ser.
Hoje é o dia de os ver juntos num bolo de aniversário, com caras divertidas e a celebrar mais um ano.
Será para recordar porque ja há bastante tempo que não o é assim vivido, naquele núcleo familiar, o original que naturalmente se abre a que outros membros surjam e façam parte do mesmo.
Hoje é o dia de me lembrar das décadas já celebradas e partilhadas com ambos em ambientes tão diferentes e em fases de vida também elas tão distintas.
Sim, talvez tenha parado e estancado um pouco em termos de vida, ou então assumido um caminho de rutura ligeiramente diferente dos deles.
Mas, essa diversidade alenta e faz com que tenhamos sempre coisas novas para partilhar.
Hoje, é dia de gémeos cuja fortaleza já construída me permitiu ter vivências e experiências que de outra forma não teria.
E apesar destes três pontos estarem geograficamente tão separados, como alguém recentemente me recordou existem diversas formas de comunicarmos, e uma chamada de video transmite tanto, que já não me lembrava o que era comunicar com aqueles que continuam a fazer parte da minha vida desta forma.
Hoje é o dia de recordar os micro machines, as lojas de despensa, as corridas de bicicleta, e os sinais de trânsito no páteo.
Hoje é o dia recordar as feridas nos joelhos, o sabor a sangue salgado, as descidas de bicicleta no mato, os tesouros escondidos.
Hoje é dia de recordar os concertos que vimos, as músicas que partilhamos e os gostos que nos fazem sentir unidos.
Hoje será o dia de nos esquecermos dos adultos que nos tornamos e voltarmos a nossa cumplicidade jovem, onde nada poderia ruir a relação que tinhamos, porque sabiamos naturalmente que estavamos lá, para a companhia, para o desabafo.
Hoje, é o dia para acreditar que os laços de sangue continuam e sempre continuarão a valer a pena.
Hoje é o dia de esquecer a cigana de rua, a acuza pilatros, a irmã mais nova.
Ou então, de voltar a lembrar.