Viagem diferente.
Arrancamos de carro as 9 da manhã do Dubai, com um Destino apenas Muscat, mar, relva e um suposto descanso. Apesar de ser o EID, feriado religioso onde se celebra o sacrifício por aqueles que mais amamos, aproveitamos para viajar.
Ignorando o planeamento total, e confiando na forma de viajar talvez mais arcaica, principalmente no que ao visto na fronteira diz respeito, arriscamos. Com um plano meio desplaneado.
Cinco horas e meia de viagem e travessia de pleno deserto, onde a paisagem apenas se revelava por dunas, corvos, prisões, e pontualmente um ser humano, a reparar a berma da estrada.
Auto estradas de quatro faixas, com retas a perder de vista, mas com toda a estrutura que as permite serem apelidadas de autoestradas, e sem qualquer tipo de portagem, portanto vias rápidas que permitem aos seus utilizadores chegarem de forma confortável ao destino.
Primeiro desafio, a fronteira entre o Dubai e Oman. Uma fronteira, como aquela que em tempos existia em Vilar Formoso, onde somos perguntados qual o destino, de que país viemos e qual o propósito da viagem.
No meio de papeis, burocracia e revisões, principalmente no que respeita à viatura em uso, passamos a fronteira, e seguimos viagem, para um destino encantador.
E assim depois de as cinco horas de viagem percorridas em pleno deserto, avistamos uma costa, com montanhas que parecem placas de esponja amarela, e um mar acinzentado.
Talvez pelas nuvens e pelo calor abafado que se fazia sentir. Em estrada serpenteada descemos até a Shangri'La Resort.
O típico Vallet, para arrumar a viatura, e toda a conformidade e serviço que somos merecedores. uma entrada de palácio arábico com uma fonte circular no centro, e um arco gótico.
Cheiro a Luban, e a oferta Hallwa e o café arábico como forma de boas vindas.
Uma vontade imensa de dar um mergulho no mar, com a esperança que este, traga o contraste de refresco que tanto procuramos nesta parte do globo.
Uma viagem equilibrada entre descanso e aventura, onde um disco voador, reuniu pessoas de diferentes partes do globo, de diferentes culturas, em duas horas de plena brincadeira, no mar, com ondas, e algumas gargalhadas a mistura.
Praia com camelos, relva, chá, crianças e pedras. Apenas a brisa do mar, e o bater das ondas, se bem que a nossa presença fez-se sentir.
Viagem de encher o coração e os olhos no dia seguinte, a Jebel Shams, onde a subida foi feita pela estrada nacional.
A base no Nizwa Fort, onde provamos o hallwa com uma textura gummy, doce e quente.
No Nizwa forte, percebemos que também exploramos esta parte do globo, e procuramos conquistar, e algumas das influências que temos no nosso território algarvio, os doces com base de amendoa, e doce de chila, os potes de barro, e as ceiras são também utensílios desta parte do mundo.
Estrada serpenteada, quer em largura, quer em altitude, onde o jeep foi claramente a melhor aposta. Base da montanha suportada numa cratera, num vale, com casas oferecidas pelo governo, sem qualquer planeamento, mas com semelhanças no que à edificação diz respeito e as cores, sempre combinadas com montanhas roxas, amarelas, e verdes.
Chegamos ao alto e ao tão esperado Canyon, com uma vista linda. Milhafres, aves de rapina e cabras foram as espécies predominantes, ao longo do percurso e no cimo, o vento, e a paz, fora do mundo civilizado. Ainda procurei o eco. Mas ali, não o encontrei.
Sim, as típicas fotografias foram tiradas, e foi invejada a presença de uma aventureira que ali acampou, uma tenda, uma cadeira e um livro. Com uma paisagem de cortar a respiração.
Descemos, e visitamos a vila, perto de Wadi Gul, com casas feitas de barro, bastante antigas, onde na parede, e na mistura do barro, podemos ver pedaços de palha, e que as mesmas, com mais de 900 anos, ainda persistem com alguma resistência.
Mussa levou-nos para o meio do rio, onde vimos crianças a banharem-se no seu fim de semana, onde procuramos pepitas de ouro e vimos um vale que parecia o oásis por todo o contraste de cores, por toda a envolvência.
O cinzento da pedra, azul da água, e amarelo da montanha, com os contrastes de veste branca deles, e das mulheres com cores quentes, a rezarem para Meca.
Por sermos estrangeiros, olham para nós e riem-se, porque somos diferentes e porque nos vestimos de maneira diferente.
Por sermos estrangeiros, paramos numa estrada para comer dates, que sabem a mel.
Por sermos estrangeiros, não saimos à rua num tipico dia de familia, onde toda a civilização da aldeia, respeita os seus costumes e tradição.
Mas, e mesmo por termos sido os estrangeiros portugueses que fomos, fomos bem recebidos e acolhidos no final com um chá delicioso.
Regresso de noite, numa daquelas noites de algarve, só que em plena travessia de deserto.
De cabelos ao vento, numa viatura muito particular e com uma companhia também ela muito particular.