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Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Dubai

27.07.19 | Delcy Reis

Um mês desta cultura. Um mês de agua quente e pó no ar. Um mês de arranha céus e de uma cidade que também ela não dorme, idêntica a uma Nova Iorque. Mas quente e enigmática, pela mística arabe que também lhe assiste.

O contraste com Portugal é tamanho. 

Um país extremamente organizado, e segmentado, quer em termos de extractos sociais, quer em termos de organizacão da própria cidade.

As pessoas, por sua vez são bastante diferentes.

Hoje, no  meio de 45 graus de temperatura, e com uma mala, um dos taxistas, que não me podia prestar serviço, pelo calor abrasador da rua, ofereceu pelo menos a volta até ao ponto onde ia levantar um cliente.

De facto, tem tudo a ver com as pessoas e a barreira que nos colocamos perante as mesmas, sem qualquer razão aparente, inicialmente.

País onde tudo é gigante, empresas, hoteis, shoppings, onde o serviço é prestado para tudo, até pelo simples facto de querermos trocar a pilha de um relógio, é visto como algo inacreditável.

Os cheiros de incenso e dos perfumes são arábicos.

Nos shoppings agora acontece o frenezim dos saldos, onde os descontos apelama um consumo que já me tinha esquecido.

Várias são as culturas com que nos podemos cruzar, e o sentido de globalização está presente e preenche.

As tecnologias, tornam tudo extremamente fácil, quer nas novas relações, quer naquelas que queremos manter na nossa vida.

Os serviços são amplamente realizados por maquinas, e os humanos, acabam por ter um papel redondante, apenas nas relações humanas que são estabelecidas.

A comida, diversificada, mas preenchedora também.

O sol, quente, seco e áspero.

 

 

E o amor, o que é ?

20.07.19 | Delcy Reis

Conversa e troca de opiniões, muitos são os blogs e temas que abordam nos dias de hoje, o amor, e qual o seu significado. Se é por uma lágrima derramada, pelo sofrimento, se é pela continuidade, se é pela ternura, se é pelos bons momentos passados, se eventualmente será por picos de loucura e diversão, se pela intimidade partilhada em tempos.

Pois, para mim vos digo que o amor se manifesta, nas pessoas que me mostram e forçosamente querem que acredite no mesmo. Amigas, amigos, que me mostram quadros, mensagens, pessoas continuam a valer a pena, por mais magoadas que em determinados momentos possamos estar.

Manifestações e gestos de saudade, vontade de partilhar momentos, felizes, um projeto de vida comum, crianças, nudez, lágrima.

E são tantas as dimensões que podem existir que efetivamente nos podemos perder. 

Atualmente, mensagens de altruismo e não egoismo julgo serem as que deveriam ser retidas. 

As tecnologias, como facilitadoras de uma maior autonomia do ser humano, colocam em segundo plano qualquer relação humana e outro meio de comunicação e, sim a tendência não poder ser travada e estamos eventualmente todos a caminhar nesse sentido.

Já falamos no Japão na existência de acompanhantes em formato Robot, onde tudo pode ser escolhido, de acordo com o nosso gosto, portanto efectivamente até as relações que outrora poderiam ser construidas com base na coerencia, compromisso, agora são desmaterializadas de uma forma muito superficial, e se sem continuidade, novas se poderão construir.

A facilidade com que nos conectamos a diferentes pontos do mundo, faz com que tudo seja descartável mas, também a mesma facilidade liberta-nos para novos mundos, para que, reconheçamos aquilo que efectivamente nos faz falta.

O corpo treme, por vezes, por chamadas inesperadas de pessoas que pensamos que nos esqueceram, talvez pela instabilidade atual, e início de rota.

Manifesta-se em palavras de apoio, positivas, e os que as proferiram, não me vou esquecer.

Nada é difícil e tudo, tudo se pode sempre reconstruir.

 

Jameel Arts Centre

13.07.19 | Delcy Reis

Numa inesperada companhia, um museu com uma edificação bastante atualizada, e que nos mostra a abertura a outras culturas que não simplesmente a arábica, sendo este o ano da tolerância por parte do Sheik.

Não tão grandioso como o Louvre, não tão gigante em termos de cultura, mas com uma sensação de aconchego, e refúgio para umas boas sessões de leitura.

De dimensão mais pequena, com um conteúdo interessante, em termos de expressão cultural moderna, um espaço simples, onde aprendi que, juntamente com crianças e pequenas coisas, sorrisos são possíveis. Onde vi também que as pessoas naturalmente são mais calorosas, não tão revoltadas, mais atentas, ajudando genuinamente, no caos que eventualmente possa surgir.

Na biblioteca, apesar de conteúdos reduzidos, um ambiente tranquilo, iluminado e de conhecimento, onde influências europeias também se fazem sentir.

Um espaço cultural onde naturalmente vou voltar, onde a sala mais impressionante, preenchida por linhas vermelhas, de sangue, transmitem a revolta de pescadores, e o sofrimento das suas vidas.

Um espaço cultural, onde um canto de pequenas bolotas de couro, trazem sensações de um outono que por estes lados é desconhecido, 

 

Uma viagem com Abul

13.07.19 | Delcy Reis

E por todas as recomendações de seguranca e por assumir algum risco na minha vida, partilho convosco as aventuras que a minha vida tem tido, e como dizemos em Portugal, é bom que as águas se agitem, de vez em quando.

Aventura por Sharjaj uma cidade a norte do centro de Dubai, onde, num ambiente mais familiar e não tão ocidental, comi como eles, bebi como eles, e ouvi tantas e tantas vezes a palavra habibi, que considero tão carinhosa.

Todos os petiscos são comidos com a mão, envolvidos num pão típico e acompanhados de Leban, para cortar as especiarias. Couve flor em vinagre, beringela, também em viagre, e ovos mexidos com batata.

Para os que pensam que eventualmente podemos não ter o direito aos mesmos petiscos, se procurarmos acabamos por encontrar. Figado, como as nossas mães costumavam fazer de cebolada,  azeitonas, tomate, uma mistura de sabores que são do nosso país e que vemos que se propagam por todo o mundo. Viagem tranquila, onde fui presenteada com jardins perto de lagos, prédios elevados misturados com mesquitas mais tradicionais.

A viagem fez-se com um motorista paquistanês,  o mesmo que me levou a perceber que, no Dubai, também encontramos ritmos latinos, e brasileiros. 

Mas, as músicas de cá, serão aquelas que me têm elevado, porque quando mais nova, e ainda recentemente os instrumentos musicais que procuro acompanhar mais são o violino, o oboé, e o piano. Ouvindo Tamer Ashour, em Fi Baly é simplesmente encantador, um início de música, totalmente enquadrado numa cultura árabe que nos leva a viajar.

Uma cidade, incrível pelas edificações que tem, e pelas pessoas, se bem tratadas, também nos tratam sempre com um sorriso.

E, se tentarmos o inesperado, pelo menos até agora somos surpreendidos com coisas incrivelmente boas.

Numa das viagens, pedi para ouvir a música, a minha música. Abul apenas referiu que, nos dois meses de trabalho, nunca tinha conhecido ninguém como eu, por ser europeia, e ouvir músicas que de europeias, nada têm. Uma viagem que me fez perceber musicas de nitin sawhney, que pela melodia me preenchiam, mas agora pelo seu significado ainda me preenchem mais.

Mistura, do ocidente com o arábico, e sem qualquer dissabor nessa mistura.

Mausam,