Recentemente, falaram-me que devia tomar decisões, tendo por base as emoções ou simplesmente a intuição. Prefiro a intuição.
Entendo o comentário, pelos breves momentos que me dei a conhecer, assim como o contexto, onde afirmei de forma muito segura, que esta variável não entrava para a tomada de decisão.
E tendencialmente, não entra, de uma forma precipitada, pelo menos para temas cujo impacto é grande, para mim, no que à esfera pessoal respeita, e para outros, no que a outras esferas podemos enquadrar.
Procuro, dissociar estes dois mundos, por uma questão de balanceamento, e por uma questão de bem-estar. Partilho, com quem intuitivamente acredito que me venha a fazer bem, momentos muito privados, talvez por ser uma pessoa reservada, talvez por ter dificuldade em determinados momentos da minha vida, de simplesmente acreditar na humanidade, e no bom que a mesma poderá ter.
Este foi um ano, em que acreditei no Verão, e na mudança que o mesmo iria trazer, e por mais espiritual que possa ser, acima de tudo, por uma certeza muito minha, foi um Verão, como defino, meu e só meu. E que diferente foi, e também bom por isso mesmo.
Nesta mochila que, com o passar do tempo, maior se torna, o grande desafio é o desapego da mesma, e o aliviar da mesma, e não pelas tradicionais responsabilidades, mas sim, pelas experiências, relações, interações tidas cujas promessas se esvaneiam com o tempo, tornando-se apenas um sonho ou uma mera e breve recordação. E têm que o ser, para nos sentirmos bem, por ter passado, ou por não mais voltar.
Como balanço lógico, este ano, foi um ano de muitas resoluções, de muitas mudanças, com perdas materiais e também relacionais, bastante profundas, por mudança de ecossistema. Disrupção total, por algo maior, a minha intuição.
Tive recentemente passagens de anos, sem nada querer acrescentar na minha vida, e não por um sentimento de realização, antes por um sentimento de falta de força, falta de desafio, que tanto gosto e tanto me faz muitas vezes de forma inconsciente, esquecer-me da mochila, e continuar a acreditar na energia que sinto ter.
E sim, todos nós tomamos pequenas decisões todos os dias, e às vezes com tamanha intensidade dos dias de hoje, ficamos cansados de mais decisões a tomar, e queremos deixar nas mãos de outra pessoa que as tome por nós. Podemos dar essa oportunidade, e vê-la como positiva e ajuda, ou tendencialmente como uma invasão do nosso espaço.
Dilema de bagagem, por perdas anteriores, ou por projecções futuras que, a nível pessoal e individual vou tendo, mas não em conjunto. Espero que para já.
E sim, por mais difíceis que possam ser para nós, tomamos, porque nos comprometemos com expectativas que criamos, por influências que vamos tendo naquele momento de cheiros, sol, chuva, frio, e principalmente das pessoas que nos rodeiam, na nossa bolha estável. A minha, neste momento, de estável nada tem.
E, por mais que queiramos ser autónomos, e independentes, somos sempre influenciados pelo que nos informámos e nos sujeitámos a experimentar, concluindo que gostámos, ou simplesmente porque nos queremos sentir acompanhados, ou porque queremos estar com alguém, ou simplesmente, porque ao sermos livres o podemos fazer, porque ainda temos tempo, e ainda acreditamos.
Este texto, será para os que ainda acreditam que, para o seu bem-estar é preciso algo mais, e não me refiro a um bem-estar individual que esse é cíclico, ora nos expomos, ora procuramos o nosso equilíbrio interior, quando exteriormente a conjuntura simplesmente não está favorável.
E todos nós, corremos, apesar de não o querermos transmitir, todos nós temos ambição e vontade, todos nós que ainda não realizamos os sonhos a que nos propusemos, e os deixamos adormecidos, porque não era o momento, ou porque observamos que em nosso redor, o constante protelar, só porque sim, seria o mais conveniente.
O ano de 2019, e a passagem para o mesmo, será o momento em que vou novamente trincar as doze passas, com toda a força e vontade, de abraçar este novo ano, com um compromisso forte, e seguro de cumprir com todos os doze desejos.
Sim, a vida deverá ser sempre feita de novos compromissos, aos quais nos propomos atingir, não protelando mais um ano, para que os mesmos aconteçam.
Aproveitem estes dias de hibernação, onde procuramos o hyggye, e um conforto que nos reconforte, de alguma forma, uma almofada, um peluche, um cão, uma criança, para nos sentirmos acompanhados.
Que vos sirva de inspiração, para poderem, na incompanhia e inconstância da vida, conseguir que a mesma se torne constante, nas pequenas passas que comeram tão afincadamente.