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Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Uma pessoa. Dias de hoje

13.10.18 | Delcy Reis
Uma simples pessoa nos dias de hoje, só uma pessoa. Sem nada mais.
Emocionalmente pouco crente em pessoas, e na humanidade, que se suporta na internet, e principalmente na música.
Portuguesa, e solteira que, adora admirar os que nos rodeiam.

E sim, constato que somos bastantes a fazer o mesmo, não entendo bem porque razão, talvez para buscarmos ideias diferentes, talvez para nos distrairmos no tempo que por vezes demora tanto tempo a passar...

Viagem de comboio para o Porto. Dois colegas cegos com um cão- guia. a importância da companhia e da conversa para duas pessoas cegas, deve ser claramente diferente daquela que eu dou.

A confiança dada, e partilhada entre os dois, e os constantes sorrisos de companheirismo são deliciosos.

O detalhe cuidado que dão ao tacto, e a forma como João procura ver se o seu guia está bem, com gestos de carinho ao cão é simplesmente preenchedor.

A procura de um fecho de casaco, a procura do fecho do bolso e o pormenor cuidado que dão àquele sentido, como forma de controlarem o que se passa à volta e o apoio que precisam de ter é em tudo diferente daquilo que commumente estou habituada.

Mas, acima de tudo, a entre ajuda dos dois, revela um laço de amizade, diferente muito mais comum, muito mais forte do que com qualquer outra pessoa.

E sim, aqui entram as tecnologias, para ajudar em qualquer chamada, com a voz alta.
Entendo que, em termos de pessoas, o facto de terem as mesmas dificuldades, faz com que não se sintam de certa forma sozinhos.

Dois cegos, que de comboio, saem de Lisboa, para ir para Braga.
Dá que pensar e dá que relativizar.

Ao meu lado, tenho uma indiana, que encontra a sua companhia também no messenger do facebook, sendo que hoje de manhã, a espanhola de dois pisos abaixo de mim, estava a gerir a sua vida, também ela no Whastapp.

Pergunto ao mundo, que cada vez mais pequeno está, o que é que se passa?

E ele responde, que de humanos nos tornamos cada vez menos, e que do mundo cada vez mais és.

És cada vez mais da tua liberdade solitária, tudo o que absorveres ficará apenas para ti, ou para o que eventualmente tiveres oportunidade de escrever.

E, talvez alguém se lembre de ti, por uma mensagem no facebook. Quando a tua fotografia desaparecer.
Ou talvez não, porque não fazes parte da rotina de mais ninguém.

Só da tua.
És uma comum mortal, e todos te usam na medida em que precisas naquele momento.

Mas a vergonha de não te quererem partilhar, na sua vida, é por vezes devastadora.

O ir pelo mais fácil, revela um egoísmo e uma falta de cuidado pelo outro gigante, sendo tão desmerecedor de qualquer relação.

A constante falta de disponibilidade, leva-nos à individualidade, independência e liberdade. E só após esta, conseguimos alcançar um nirvana.

Fazemos de um cigarro companhia, de um telemóvel companhia, pequenos vícios e prazeres de vida. Porque são por nós controláveis e são aqueles que sabemos que, com dinheiro, teremos de forma fácil.

Agora, nós somos todos uma pessoa, um individuo, que nos cruzamos. de forma superficial, e egoisticamente usamos essa interacção, para aumentar a nossa experiência individual, que partilhamos futuramente, sem sermos coerentes na entrega realizada.

É assim o mundo de hoje, de uma pessoa e um telemóvel.

(Com)promissos|(Com)petição

13.10.18 | Delcy Reis

E é isto que nos move. Compromissos ou Competição.

Competir entre todos e posicionarmo-nos o melhor possível: nas fotos do instagram, na melhor foto de criança que temos, na melhor viagem, na melhor moto, no melhor sorriso; para de certa forma alimentarmos o nosso ego, que não é alimentado de outra forma a não ser pelo que temos. Filhos, casa, emprego, dinheiro e sexo.

Compromissos, que acreditamos serem sérios e realizáveis e, de repente, mudam porque a nossa vida muda, porque a vida de com quem assumimos esses compromissos também muda.

Competir para chegarmos mais cedo e mais rápido àquele posicionamento.

E quando desistimos é porque estamos cansados, porque deixamos de acreditar.

Compromissos de relações que entendemos ver da forma que devem ser, e repentinamente nos apercebemos que podem ser assumidos de uma forma completamente diferente.

Sim, é sempre uma questão de perspectiva, e se de facto virmos sempre o copo cheio e sem ter que ser enchido, não vamos conquistar aquilo que queremos, não damos o esforço que deve e pode ser dado. 

Não entregamos a energia que, com o tempo, vamos cada vez mais deixando de ter, não entregamos o compromisso que assumimos inicialmente, talvez porque escrevemos um email e não tivemos que encarar a pessoa com a decisão de fim.

Se não for o compromisso que sustém aquela relação, apenas será pela competição e no fim do caminho, a compreensão ou desistência.

Não mantendo o compromisso inicialmente estabelecido, passamos ao "stage" dois de discussão onde dois egos se elevam com argumentação, passando assim o tempo, e não chegando a nenhuma conclusão, de paz ou de rutura. Aqui, se revela interessante a compreensão e o apoio que possa existir, o ouvido em que nos transformámos, ou não, e que podemos revelar apoio e não discussão.

Sim, sou um ser que se move pelos compromissos que assume com pessoas e não apenas pela minha mera existência se bem, que o grande desafio por vezes é mesmo o de, por mim mesma seguir a estrada, e chegar ao castelo, ao sonho ao objectivo, mas única e simplesmente pela minha segurança  vontade de querer continuar o caminho.

Ontem, dei por mim a pensar o porquê de ir para casa, carregada, cansada, desanimada, desalentada. 

Porque não ficar ali simplesmente na rua.

Todos nos fartámos da rotina, e tentamos mascará-la com conceitos de segurança estabilidade, palavras que a alimentam de uma forma positiva.

Todos, julgo procurámos a liberdade de decisão em pequenas coisas, em pequenos momentos de vida.

Sim, já passei pela fase do orgulho, em que me derrotei em função de alguém, em que me ajustei por alguém. Arrependimento, ajuste e novamente, altruísmo.

Vivemos num mundo corporativo competitivo e bastante desafiante, onde a seriedade e responsabilidade é levada de uma forma despegada para não assumirmos estados de desespero de uma forma muito rápida.

Vivemos num mundo  político e de simpatia, onde a responsabilidade não se assume, de forma verbal perante outros.

Compromissos pessoais, mesmo que levados com bens comuns, com pessoas que testemunham, são também levados de uma forma despegada onde princípios se destroem, coerências se alteram, e a volatilidade e caos surgem.

Nos dias de hoje, vivemos num individualismo, onde sermos conservadores parece ser vergonhoso, e pouco na moda.

Mas, a algo nos devemos agarrar para podermos seguir em frente, seguros daquilo que somos e daquilo que transmitimos.

Nem todos andámos perdidos, apenas assumimos quem somos de forma segura, sem poucas alterações no core da pessoa que somos.

E talvez, sujeitando-nos a diferentes culturas, diferentes formas de estar na vida tenhamos dificuldade em concluirmos aquilo que somos e quem somos.

A constante mudança, obriga a ajustes que esquecemos que em tempos fizemos.

A competição leva a um focus em prioridades que se revelam prioridades no momento, esquecendo outras competições onde  talvez queiramos entrar.

A competição não poderá ser diferente no género, sendo que entendo que a única característica que a poderá distinguir será a velocidade com que acedemos a informação e a curiosidade que podemos ter acerca de temas em debate.

Sim, neste momento, em termos de pessoa, se não forem estes os dois valores aos quais me agarro,  e apenas a mim, estou certa que levarei uma vida solteira, despegada de novos seres que entrem na minha vida, e sem ter com quem partilhar aquilo que conquistei.

Não deixando para já um legado pessoal, num núcleo muito restrito, vou deixando pelo que vos escrevo, pelas histórias e aventuras de vida que vou tendo, com a força que me caracteriza, e o sentimento que desaparece, dando lugar ao egoísmo máximo.

Numa companhia que é incerta, incoerente e inconstante.

Mas uma companhia, que obriga à constância do sorriso.

 

 

Então e a humanidade, em que é que se traduz?

07.10.18 | Delcy Reis

Passados alguns anos de existência, retiro algumas conclusões sobre a naturalidade da humanidade, e o que é que de humano a mesma possa ter, pelo desapego, pelo egoísmo, pelo esquecimento, pela relativização, de acordo com o momento, de acordo com o estado de espírito.

E sei que, daqui a 10 anos, voltando a refletir, tirarei conclusões diferentes e terei certamente novas histórias para contar, e vida passada.

Somos, em tempos diferentes invadidos com exigências de diferentes áreas da nossa vida, e decidimos.

Decidimos em função da importância que aquelas relações podem ter para nós, pela longevidade, pela intensidade e bons momentos que passámos, naquele instante. E , em função dessas decisões naturalmente que existe sempre alguém que fica " na fila de espera", à espera do seu tempo.

E aqui acredito que, única e simplesmente tem a ver com crença, e valor que aquela pessoa eventualmente possa ter para nós, nas interacções que tivemos mais  recentemente, porque as mais antigas, já estão bastante consolidadas.

Mas, decidimos também em função do futuro que vemos ou que deixamos de ver, naquele momento, que acreditamos ou simplesmente desistimos de acreditar, pelas promessas não cumpridas, pelos esquecimentos, pelos constantes diferimentos, tudo se resume à decisão que tomamos ou não tomamos.

 

Mas, essas prioridades e decisões, em função da rede que nos suporta naquele momento, rapidamente mudam, tal como a vida, que pode, mediante a nossa vontade e força rapidamente mudar.

Reconheço que, a barreira de uma nova década, foi forte de aceitar, e levou-me a fazer um novo balanço da minha vida, daquilo que tinha já conquistado, em detrimento de algo que diferi, para conquistar mais tarde.

De facto, na vida, os momentos, e o caminho que escolhemos é como num jogo de snooker: ora acertamtos porque estamos com a energia necessária, e temos algum conhecimento, estratégia e pontaria, ou então, por mera sorte, mero acaso, conseguimos colocar a bola no buranco.

E agora, chegou o momento, de aproveitar a oportunidade de meter a bola preta no buraco. E consegui, das duas vezes. E como se diz, na nossa língua, não há duas sem três.

Vou entrar naquela bolha diferente que em tempos sonhei conhecer, vou novamente encher o meu coração que tanto se tem esvaziado em crenças e pessoas de um mundo, de consumo, alcoól, tecnologias e pouca, muito pouca humanidade. Somos individuais. Desisto. Somos mesmo seres completamente individuais, que nos moldamos, por uma razão que a razão desconhece.

Ou pelo medo de dizer não, porque não está na moda, ou porque ao dizer e ao revelarmos quem genuinamente somos, ouvimos e lemos coisas que não gostamos. Mas, que nos fazem refletir, e aprender. Portanto é bom dizer que não, é bom sermos fiéis ao nosso espírito.

 

Sim, aprendi a gerir a importância que tenho no mundo, e por vezes é necessário mesmo expormo-nos para sentirmos que ainda conseguimos ter alguma influência na vida de alguém, quanto mais não seja nas gerações futuras, daqueles que, de forma consistente nos têm acompanhado na nossa vida.

 

Porque influência na minha vida, e nos que proximamente a acompanham, não tenho, deixo que entrem e saiam quando lhes aprouver.

 

Consomem-me, mas cada vez menos.

E coincidentemente quando  me consomem na totalidade, surge alguém que balanceia, surge sempre alguém que lança a bóia.

Para continuarmos a acreditar que algo faz sentido.

Portanto, a humanidade, traduz-se nestes balanceamentos emocionais, onde o egoísmo e o altruismo se têm vindo a compensar.

 

 

 

Pessoas que nos trazem o que de humano há em nós.

03.10.18 | Delcy Reis

Somos humanos, pelo sentimento de perda, pelo sentimento que hoje a velocidade com que o mundo roda, nos obriga a ter um desapego gigante de pessoas, bens, momentos, para continuarmos o trilho que alguém nos marcou.

Somos humanos, por partilharmos em conjunto e não de forma solitária emoções, fortes nas positivas, e fortes nas negativas.

Concluo que a energia transborda quando, em momentos de forte emoção temos a necessidade de estar com alguém e partilhar, por suporte, ou por força que nos transmitem.

Por vezes agarramo-nos a músicas pequenas, outras vezes agarramo-nos a pequenas palavras que nos transportam para a nossa miudez, como a menina, a meninez de Fernando Pessoa:

"Tome lá, minha menina,
O ramalhete que fiz.
Cada flor é pequenina,
Mas tudo junto é feliz."

É uma palavra que me leva à minha pequenez, e me traz covas nas bochecas, e me volta a por ganchos no cabelo. Pessoas, que quero acreditar serem genuínas, pelo olhar, pelo sorriso e não pelo texto que tantas vezes vejo num monitor branco.

Separo, o sermos humanos, com a boa educação.

Separo, um bom coração, com a boa educação. Talvez por uma questão de gestão de tempo.

Lux. K&D.

03.10.18 | Delcy Reis

Invadi aquele que foi o meu espaço quando vim de malas e bagagens para Lisboa.

Sim, senti-me fora de tempo, porque acreditei no evento do facebook, pelas horas a que foi promovido.

Sim, senti-me fora do tempo, para me aperceber que seria para mim doloroso, novamente voltar ao mesmo refúgio para o ver passar.

 

Três anos depois, voltei ao Lux. Vinte e três horas e vinte e seis minutos, aquilo que marca no bilhete de entrada. 

Na entrada, atrás de mim, um grupo de jovens, claramente preparados para se divertirem na noite.

O segurança da entrada, com a mesma expressão, apenas faz a pergunta: " Vem sozinha?" Respondo, "Sim".

Tranquila, apesar de consciente de estar desenquadrada. Entro, apenas com as chaves do carro, carteira e telemóvel, e um maço de tabaco. Os bens indispensáveis, para conseguir sobreviver, nos dias de hoje, que por vezes tanto custam a passar.

Pergunto, na entrada a que horas é o concerto, a que me respondem, que deveria começar por volta da uma da manhã.

Subo a grande escadaria, e no cimo, encaro aquela que é uma sala que me encanta: pelas luzes, pelo veludo, pela bola de espelhos, pelo enquadramento de Santa  Apolónia. 

Fico satisfeita, pelo turismo e os cruzeiros não terem destruído um espaço como aquele, que tantas recordações me traz.

Inicialmente rotulado, como o espaço de noite de liberdade, onde o padrão ed imagem não seria sentido, o espaço da diversidade, foi novamente com esse espírito que o abracei.  E ele a mim.

Pedi, a bebida que me refresca, e estando uma noite de Verão, quando ele já se despedia, subi para um dos terraços de Lisboa.

Olhei, e escolhi a mesa para poder olhar para aquele elemento que fielmente me acompanha. A água, no rio e no mar.

Talvez, goste de olhar para o Tejo, pela sua extensão, me lembrar do mar.

Sentei-me, e o mundo voltou a conhecer-me. E eu voltei a acreditar no mundo, deixando de acreditar somente em mim.

Foram duas horas bem passadas, e foram dois músicos que, mesmo estando  mais velhos, mexeram este corpo, também mais velho, de sapatilhas, e colete de ganga.

Passaram, aquela que é a múscia que reflete o melhor estado de vida. Useless, a partir daqui é sempre positivo.

Grande groove, grande drum&bass, mágica dupla austríaca que, pela senioridade e conhecimento, continuam a proporcionar, músicas que abanam o coração.

See you next concert, 

 

 

Dinheiro vs Mbway vs Multibanco Round II

03.10.18 | Delcy Reis

Voltando à temática dos ATM's e também a temática da desmaterialização do dinheiro.

Esta semana, no metro assisti ao fenómeno social, que tão eficaz no que ao marketing diz respeito, pelo menos em terras portuguesas que é o "word of mouth". 

Estava no metro, para deseperadamente apanhar o mesmo para uma reunião, pelo que filas, seria o a evitar.

Quando procuro carregar o cartão, reparo que a fila de pagamento em dinheiro se encontra, cheia e a de cartão vazia. Dinheiro de plástico, e tecnologia, versus gestão de tempo, de forma eficaz. 

Dilema tão português, e dilema tão meu, que a este país pertenço.

Noto que Portugal, quer acima de tudo defender, por estes pequenos gestos o seu país, e grandemente a desmaterialização de tudo, por aqueles que ama, pelas tradições perdidas e recordações esquecidas.

Eu, sendo a diferente, paguei com cartão, mas apenas porque o tempo era a variável que pretendia gerir e nada mais, e porque adoro cadeias de eficiência, e que as mesmas fluam agilmente.

Novamente, fui assaltada com a temática das comissões dos ATM's de instituições financeiras que procuram investir no nosso país, e pelo que dizem, as comissões são elevadíssimas.

Pois, reforço, não foram, das duas vezes que as usei.

Reforço também que, fazendo parte da união europeia, união esta que suportou muitas das nossas ineficiências, e muito do nosso oportunismo, individual, não nos devemos esquecer que, para além de portugueses somos europeus.

E, que hoje, somos um estado de algo maior, e que devemos contribuir para esse maior.

Não somos só nós que suportamos, todas as flutuações que acontecem na nossa economia, mas também os restantes cidadãos de outros estados membros que, pela sua agilidade, cultura, capacidade de adaptação, estrategicamente focaram e especializaram-se noutras temáticas, para garantir a sustentabilidade económica do seu país.

Nós, portugueses, estamos a apostar claramente no turismo e nas novas tecnologias como tendencias atuais para podermos sobreviver neste mundo global.

Nós, que outrora navegamos pelo mundo, devemos então levar para fora esse conhecimento e sabedoria, aproveitar e partilhar com aqueles que anteriormente conquistamos, e onde deixamos parte de nós.

Saibamos reconhecer aqueles que nos ajudaram, e saibamos ajudar aqueles que em tempos, abandonámos.

Acompanhar o passo da evolução do mundo, nos dias de hoje, é um desafio que não devemos descorar.

Mudar hábitos, aprender novas formas de estar na vida, é algo que nos distrai, do tempo que por vezes queremos que passe rápido, da mente que se retem em recordações, 

 

O próximo desafio é a utilização constante do mbway, pela agilidade, baixo custo e eficiencia de transferência, 

Sempre à procura do desafio, e da evolução, para não perder o passo de todos mas, acima de tudo também não esquecer o meu.