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Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

The language of Limbo

14.03.18 | Delcy Reis

Sevdaliza-The-Formula-1-300x300.png

 Sevdaliza, Jovem com dupla nacionalidade contrastante. 

Vista, por mim, pela primeira vez em Portugal no final de 2017, num dos espaços culturais que acompanho na capital portuguesa, e que preenche qualquer espaço na avenida da Liberdade e arredores. E que me preenche, também uma parte.

Curiosamente, a primeira música com que me cruzei intitula-se Marylin Monroe, que fala de um amor sufocante, de uma posse exagerada, de uma materialização de uma relação em busca de um troféu. Confesso que foi mais a melodia, que propriamente a letra da música que me cativaram, talvez por remeter mais uma vez para as excentricidades que podem estar associadas, à vida partilhada com alguém com tamanha visibilidade como Marilyn.

Voltando, a Sevdaliza, fiquei curiosa, pelo espetáculo antagónico que me deu no S. Jorge, onde a sua representação de sensualidade contrastava com o seu dress-code, e a intensidade da sua voz conjugava com a intensidade do olhar e da música que transmitia.

Voltando a Sevdaliza, e talvez por toda a intensidade que me transmitiu, retribui na mesma intensidade, a minha curiosidade.

Uma curta metragem, com uma intensidade dramática gigante e bastante pesada, mas que me ajuda a perceber.

https://youtu.be/bJxsm5LBwjA

 

Uma curta, que poderá transmitir bastantes emoções, ter bastantes interpretações, onde o vermelho, o sangue coaduna com a paz e o branco, a revolta, com a tranquilidade, a solidão com a companhia.

Dos seus 2 EP's de 2015, surge um album em 2017, cheio de mensagem, quer política, pelas sua dupla nacionalidade, intensidade feminina, e bastante emocional, a meu ver.

A junção de cordas, com piano, com uma voz cuja dicção é inglesa, mas a melodia é arábica a meu ver.

 

Deliciem-se com Loves way, Marylin Monroe, toda e qualquer música do album ISON.

 

A musica de hoje, é the language of Limbo, onde um dos sete pecados mortais é relevado.

Desespero, pela constante repetição;

Força, pelo suspense no meio da melodia;

Desapego, pela longevidade a certa altura, no seu sussurro.

Intensidade, pela explosão final.

O limbo, para mim é o tão conhecido lusco fusco, o tal do cinzento, da não assertividade, da flutuação.

Acho que a sonoridade, juntamente com a escrita, me ensinaram a linguagem do Limbo.

Que nos encaminha, para o deserto de Shahmaran.

 

 

 

JJ.

13.03.18 | Delcy Reis

Voltaram as séries da super women.

Volto a procurar identidade, também neste referencial.

Desde que me conheço que tenho um fascinio especial por tudo o que envolva seres humanos e poderes especiais, talvez porque sei que trazem liberdade, talvez por ser demasiadamente ambiciosa e de procurar desafiar-me além daquilo que conheço existir.

 

Sim coloco-me e exponho-me a isso. Ainda não entendi bem porquê, se é por auto estima, se é por não gostar de me sentir em suspenso na vida.

 

Por vezes, no nosso caminho, julgo que perdemos a nossa identidade, talvez porque a mesma seja construida à imagem das pessoas que nos rodeiam e com quem , por vezes ao não nos identificarmos, acabámos por nos camalear.

 

E então, não sabemos de quem somos, se do mundo, se de nós próprios, se de quem nos criou, se de quem nos acompanhou, em alguma fase da nossa vida.

 

Dizia-me do mundo, para me sentir integrada. 

 

Posso dizer-me de mim, mas isso fará com que pare no tempo, não aceite qualquer evolução.

Jessica, é uma mulher solitária, descrente de si como humana, mas crente como heroína, busca força no álcool, cabedal.

Série atual, pela independencia da mulher, pela volatilidade de relações dos dias de hoje, pelo carisma de mulheres que conseguiram algo, sempre com a penalização de uma das frentes.

 

Toda a idenpendeica, robustez é feita e construida, tendo por base muitas batalhas, perdidas, conquistadas, mas batalhas às quais as heroinas deste dia se expõem.

E para  balancearmos as derrotas, escapamos, para o nosso espirito, corpo e mente, gerindo as três frentes, mas penalizando sempre uma.

 

Não há equilibrio, no triangulo.

Como nós, heróis,  balanceamos o corpo em vícios e prazeres, e procuramos enganar a nossa mente, não acreditando que temos, em cada um de nós, pelo menos um dos sete pecados mortais.

 

A qual dos sete te agarras para sobreviver?

 

 

 

Sereia Louca

11.03.18 | Delcy Reis

Hoje abunda a água e abunda a vontade.

Novamente a vontade de abraçar o mar, e que ele me encha a boca e a pele de sal.

Imagino-me sereia, a flutuar no mar bravo, e sem querer me deixar levar pelas ondas.

Cada uma delas , bate na cara, e com tanta insistência, que a força para conquistar a minha concha, perde-se.

E deixo-me levar por uma onda, e e tão bom ser levada mas, quando ela termina, preciso de me batalhar por outra.

Junto, a este meu texto, o trabalho de capicua, que tenho ouvido durante esta semana.

Artista do Porto, bastante influenciada por uma escritora que aprecio bastante, Sophia de Mello Breyner.

O seu repertório de músicas, apresenta títulos bastante profundos, e pesados como Maria Capaz,  a Sereia Louca e medusa.

Gritos de liberdade, sobre a diferença de cada um de nós, sobre os sonhos que temos e idealizamos, sobre a vontade de rasgar a cauda, daquele Mar Salgado, e experimentar o doce, amargo e ácido, da vida.

Fala sobre ser, humano, capaz de absorver a tristeza, de uma forma revoltada, e constante, e de um coração esponja que absorve tamanha tristeza.

Gritos de liderança, em Maria Capaz, e recordações de infância que me reconfortam em Vayorken, pelo atrevimento, pela rebeldia.

Nos dias de hoje, a presença do positivismo, do optimismo, e quase uma obrigatoriedade, Obrigando-me a mentir e esquecer a minha verdade.

E a linguagem corporal, por vezes seria, exatamente a mesma, sair das escamas da sereia, e caminhar com o corpo livre.

Sim, identifico que um sorriso, traz muito para a alma, que a tristeza, traz força, depois do reconforto e me dou. E tem sido o mar que guarda os meus segredos.

Os segredos da sereia que mergulha por mar incerto, 

Capicua

07.03.18 | Delcy Reis

Foi nesta capicua que,  o grande  referencial da igreja católica morreu. E ressuscitou. Eu não sou praticante católica, ainda, pelo simples facto de, espiritualmente ser uma dimensão bastante triste todo o espaço onde a mesma é partilhada. Muito escuro, mas onde a paz é também encontrada. Bem, que forma tão constrastante de iniciar o meu texto de hoje, que em nada tem a ver com a imagem, essa sim que me traz alguma identificação. Não pretendo com a mesma , referir que me identifico com Marilyn, que pela sua ambição exagerada, aos 36 anos não aguentou mais. Pretendo sim, aceitar que somos todos diferentes. Aliás, aceitar-me. Pela feminilidade que a imagem traz, juntamente com a rebeldia, da tatuagem. Uma marca para a vida. Um símbolo. Um referencial , arte.

Nos seus braços, amor, paz, sensualidade são valores e adjectivos que encontro, e que tudo tem a ver com o que tinha e procurou, nos seus 36 anos de existência.

 

 Delicada e rebelde, aventureira, Marilyn, durante toda a sua vida lutou contra o vício, a ansiedade de viver e a depressao. Talvez porque não tenha alcançado o seu equilíbrio, no tempo e momento que precisava. Com quem precisava, pelas constantes relações conturbadas que teve.

Pelas diferentes dimensões que cada ano lhe trouxe, de se expor e ter mais, de tudo, e de repente, muito pouco. Um coração exigente, que não sabe deixar partir.

Este celebrar de ano foi diferente. Mais envolvente, pelo simples facto de me terem ligado tantas e outras pessoas que, no meio dos seus problemas, se voltaram a recordar. Talvez tenha sido mais superficial, para os que o merecem. Mais envolvente para os que com quem quero continuar a partilhar o meu ser, recordar momentos.

E para os poucos que sou especial, esse denominador comum foi retribuído, obrigada.

E essa distinção é preciso de ser feita. Sentir o poder que tenho de decidir com quem partilho que dimensão da minha vida. Decidir quem permito que me use, para poder ter um bom dia. E quem não tem essa sorte. Como, um dos autores que acompanho ( grande MEC) disse a excepção prova a regra, não pela excepção em si, mas por provar que a regra com que nos comprometemos é verdadeira. No exemplo em concreto, falava do estacionar do carro, que é uma regra criada pela sociedade em que vivemos, uma regra democrática.

Eu, procuro a mesma para o meu ser. Para que a excepção me mostre a verdade. E tem-ma mostrado. Eu quero e vejo-a. A minha verdade. Dessa tenho a certeza absoluta, e espero que ela se compagine, na vida, com a verdade de alguém. Foi mais um que consumiu.

Por fim, vamos ao título, fumo denso desta kapicua, outra grande obra de arte, que transmite:dualidade, inconstância, re-equilíbrio, dependência e vicio. 

Lume, fumo denso, perfume, cheiro.

Lucia e o Sexo

05.03.18 | Delcy Reis

Pertenço a uma geração onde o erotismo e a sexualidade sempre foram um tabu, um tema não conversado, onde se procurava manter a intimidade do mesmo. Entendo, mas traz as suas consequências, também.

Não pretendo tornar com este texto algo superficial, ou até banal, porque não o é.

Pretendo é partilhar a forma como o mesmo é abordado no filme que vos trago.

Lucia, é uma mulher aventureira, que parte para uma aventura emocional, com aquele que considera ser o amor da sua vida, um escritor.

Declara-se enamorada pelo mesmo, sem saber se era notada na sua vida. Sem saber até se Lourenço a via, a conhecia.

Inicia uma caminhada, a par, na ânsia da descoberta da pessoa que o acompanha.

Alguém que, por sua parte é também criativo, desafia-se, e muito, e principalmente em busca do constante prazer.

Alguém descomprometido com quem está mas, comprometido com o mundo que o rodeia, fonte de inspiração para os seus contos.

O porto emocional, é uma ilha onde, a filha, a mãe estão garantidamente. Existem, mesmo que perdidas, e reduzidas àquela existência, são-no.

Vários valores são postos em causa, e a forma como se contrabalanceiam no filme é genial.

Várias relações são estabelecidas entre os diversos personagens, e a forma como todos eles se interrelacionam é excepcional.

Desde o meu ponto de vista, aborda uma relação a dois da forma mais pura que possa existir, e simples; onde a pele, o toque e a simples existência equilibra Lúcia e Lourenço.

Aborda, o nudismo como expressão de liberdade, e envolve os corpos, como forma de prazer proporcionada por dois seres.

Uma filha, que nasce de uma noite ao luar, que acaba por ir viver com uma atriz pornográfica, e as influências que esta provoca na sua filha, sobre o desejo carnal.

Na minha opinião, uma forma de demonstrarmos que o poder de controlo é essencial, mas que nem sempre está no nosso domínio.

Na minha opinião, que a comunicação, ou a falta dela, destrói laços, cria barreiras, separa caminhos que, neste caso se voltam a cruzar.

O erotismo, numa das suas plenitudes, talvez não luxuoso, talvez demasiadamente cruo, simples.

Mas belo pela essência do ser humano.

Uma verdadeira obra de arte.

 

 

Momento certo. Pessoa Certa?

02.03.18 | Delcy Reis

Nesta jornada que é a vida, neste caminho que percorro, tenho sido brindada de momentos que, emocionalmente me preenchem de diferentes formas.

Optei, por me dar o devido tempo de conhecer, para me poder balancear nas emoções.

Como escreveu o grande Manuel Cruz, são coisas que a vida nos oferece. São só coisas, e por vezes saber viver em vão é uma arte.

Viver, sem querer ver as pessoas, que sabemos que nos fazem bem, é uma arte.

Passamos a vida a sermos contrariados, pelas responsabilidades, pelas obrigações, na ânsia de resolvermos problemas, e nesta roda que é a vida, neste ciclo, quando deixamos de os ter, parece que temos necessidade de procurar outros. E no meio deste caos, está a busca de paz, e de nos encaixarmos nas ditas "fases de vida".

Ancoramo-nos nos nossos referenciais de família, quando o mundo real e concreto em que vivemos em nada se assemelha aos mesmos. E fazemos um esforço por nos adaptar. Vamos e temos sempre que ir no desafio, olhando cada uma das dimensoes da nossa vida, procurando estar sempre na primeira linha, na informação, na atualização, na aparência, na disposição. Em busca de uma perfeição inatingível.

Na diversidade de relações, no que a gerações respeita, vejo que nem as fases de vida, pelo número se compaginam de igual forma.

Concluo que a idade já nada define, é meramente um número.

Tenho-me vindo a cruzar com pessoas de diferentes meios, diferentes influências, talvez em busca de um porto de seguro, já que o meu está tão longe.

Desculpa porto, substitui-te pelo mar, porque esse sei que estará mais perto e me saberá reconfortar, sempre como indivíduo. Achava eu.

Tenho vivido a solidão, e procurado colocar o branco,a luz na mesma.

A estrela sou eu mas, tamanha é a energia que tenho dentro de mim, que sinto que a quero partilhar. Talvez não com o mundo, que todo ele é por vezes tão cruel e falso, mas com pessoas que tornam os momentos que vivo fazerem algum sentido.

Mas não as privilegio todas de igual forma. Decido isso.

E, como tudo tem sempre um significado na vida, sendo esse muito pessoal e particular, estive junto do  meu porto, na Adraga. Desconhecendo o significado desta palavra, conheço a draga, embarcação que limpa a água, de forma bem profunda.

E foi bem profunda. Porque, desta vez não estava a procura de nada, decidi não controlar, mas deixei invadir.

E a draga entrou, invadiu e tirou. 

Volto-me a agarrar a terra, desisto de ti mar, mas a culpa não é tua. É tão e somente minha.

Porque as acções são as pessoas que as tomam. E eu devia ter percebido que estava a chover. Mas não quis ver.