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Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Sisudo

28.02.18 | Delcy Reis

Hoje, li esta palavra. Associava a mesma a algo sério, preto e triste. Uma pessoa com feições negativas, vestida de preto, com um ar pesado, da vida, e talvez do dia.

Um ar pesado, cansado e saturado da constante destruição de sonhos que a vida, por cada oportunidade que nos dá, também nos oferece.

O Inverno é sisudo, triste e frio. Mas, a tristeza, também balanceia, a água, o vento e o frio acalmam, o fogo que a vida por  vezes nos traz.

Por contraste, hoje o sisudo teve um rasgo de sol, calmo, envergonhado e com vários sabores.

Sabor a mar, sabor a maçã, sabor a bacalhau, cortados por um mirtilo áspero, mas doce.

O sabor a mar, pelo camarão, combinado com caril mais arábico, numa terra que proclama a existência de uma mesquita, mas que não é visivel.

Descobri mais um pequeno pedaço de onde me encontro, com cheiro a eucalipto, brisa e gota de água. Expus-me, a mais uma emoção. 

O fresco do eucalipto, misturado com o sal do mar.

Abri um livro. Como de costume, passei o prefácio, para disfrutar de cada página, de cada palavra, de cada cor. E da textura da página. Que saudades que tenho de livros, e de os conseguir ler, até ao fim.

Mas, também nos livros, não sorrimos sempre.

Mas, também nos livros, a história começa e tem um fim.

Podem ser mais finos, podem ser mais grossos, mas o fim existe. E fica a criação na nossa imaginação, a concepção e a mensagem que se pretende transmitir. E por mais forte que seja, quando gostámos de um livro, retemos a mensagem que ele nos dá.

Fica, a mensagem, a textura, e a história.

E outra vez o azul apareceu, no mar, também ele revoltado.

 

Branco

13.02.18 | Delcy Reis

Após sete anos de refúgio, voltei a encontrar outra cor me traz paz. O branco.

 

Estive com a neve. E tantas emoções que a neve me trouxe, quer do passado, quer do presente vivido.

 

Fui para o meio da neve. 

Fui-me enterrar em nuvens de algodão fofas e frias.

Fui-me deslizar em cima de um po tão macio e, no meio do deslize, e da adrenalina da velocidade, vi flocos de neve perfeitos a pousarem no meu cabelo. 

 

Senti o contraste da velocidade de cada descida, com o silêncio da montanha.

 

Senti-me integrada num grupo de pessoas, que saboreia cada momento de deslize da montanha, onde as cores fortes contrastam com a imensidão de branco azulado, a perder de vista.

 

 

Senti o contraste da solidão, com uma boa companhia, onde as gargalhadas e a boa disposição foram privilegiadas.

 

Senti o contraste do frio, com o calor do Carnaval.

 

Foram dias em que senti. E me emocionei.

obrigada a quem esteve neles, e os tornaram tão diferentes e especiais. 

 

Obrigada montanha, neve e companhia por me terem feito sentir existir. 

 

 

Azul

04.02.18 | Delcy Reis

Azul, uma cor que me traz imensas recordações.

Uma simples cor que, hoje ao acordar, alterou o meu espírito, visto que quando regressei ao meu porto seguro, passei por uma grande tempestade cinzenta, de vento e chuva, muita chuva.

Olhei para o céu e recordei que esta semana descobri outra dimensão do azul. 

 

Ao  longo das minhas experiências e em diferentes fases da minha vida o azul foi associado a várias temáticas: emoções futebolísticas, de rivalidade, onde o orgulho do clube enchia o coração. Talvez o orgulho do clube ou da primeira paixão. 

 

Agora, numa fase mais adulta a cor apenas me traz sensações distintas: cheiro a mar e frescura, sensação de infinito.

Associo o azul ao céu, à lua nas suas noites mais intensas que torna o céu, mesmo de noite azulado, ao mar, que me reconforta com as conchas e a espuma os pés. A alma.

 

Esta semana contudo, e pensando eu que não me traria mais recordações, a minha infância foi forçada a ser recordada.

 

Lembram-se do monstro das bolachas? 

Fui ver um scatch pequeno do monstro das bolachas, e a simplicidade daquele personagem é incrível! Basicamente ele só comia bolachas contudo o fascínio de admirar a quantidade de bolachas que comia, assim como o seu gosto, era incrivelmente viciante.

Todas as noites comia uma bolacha com leite. E o prazer que aquilo me dava.

 

Esta semana conheci mais uma dimensão do azul. 

Que me trouxe outras emoções, boas.

Sorrir, bem estar.

 

Nunca eu imaginei que existisse ainda uma outra dimensão, que a minha vida me pudesse dar a esta cor. Uma dimensão atrevida, pulvilhada com açúcar,

 

O azul era até  então salgado e frio.

Llast us just keep it that way. Colours don’t change, do they?

 

 

 

 

A nossa identidade

03.02.18 | Delcy Reis

Em busca da definição do que julgo estar em constante mutação, e indefinição. 

A minha identidade.

Procuro, em referenciais astrológicos, no contacto com outras pessoas, perceber quem sou.

Somos expostos a ambientes tão diferentes, com pessoas tão diferentes, que a capacidade de encaixe é essencial, para nos podermos enquadrar.

E são pequenos os gestos que demonstram que todos os seres humanos são assim mesmo, desde estar num ambiente profissional em que ninguém quer café, numa sala de reuniões mas, de repente pela iniciativa de um, os restantes acompanham.

O reverso é que, nos perdemos em tanta interacção, em tanta adaptação, onde a aparencia da semana, pode enganar a pessoa que somos.

 

Pela infancia, trazemos valores e principios que nos moldam e fazem conjeturar a nossa vida de uma determinada forma. 

Parei, recentemente para observar o que me rodeava, e notei tanta  falta de adaptação: multiplicade de relações, não planeamento e organização, caos, irresponsabilidade, alegria, falta de força de espirito, expectativas defraudadas.

 

Agora aprende, ou a viver sem expectativas, e talvez sem objectivos, e quando não fizer sentido, estarás segura do caminho que terás que percorrer.

 

 

Red light District

02.02.18 | Delcy Reis

Pelo título muitos poderão ter curiosidade em saber do que hoje me encontro a refletir.

O distrito vermelho. Recordo-me do impacto de, há vinte anos ter conhecido a realidade holandesa. Admiro a coragem e mente dos que me levaram a conhecer aquele mundo que, hoje já faz parte da minha identidade.

Interessante, e ao mesmo tempo contraditório que, este pequeno bairro de Amesterdão, que cheira a sensualidade, prazer, pecado ( para os mais conservadores); sem qualquer preconceito, se tenha tornado uma atracção turística, principalmente para o género masculino.

Interessante pela sua dualidade que atrai: homens casados, que procuram rir, divertir e esquecer a teia que os enredou, homens descomprimetidos da vida, que flutuam no seu caminho, tropeçando numa rua vermelha, por inconsciência, por casualidade, porque sim.

 

Contraditório, por corroer os princípios, os valores que os automatizam no seu padrão "normal" de vida. Que conflito.

 

A apreciação deste negócio revela a necessidade de liberdade do ser, a necessidade de irracionalidade adulta, a despreocupação do dia de amanhã, da gargalhada, do picante que a vida por vezes tem que ter.

 

Entendo que a brutalidade e falta de delicadeza na apreciação da sensualidade que cada uma daquelas mulheres procura transmitir, provoque a necessidade de controlo, principalmente controlo de exposição, a comentários talvez dolorosos, para quem está do outro lado da vitrine e atitudes de vandalismo que seriam inaceitáveis noutro qualquer negócio de atracção turística. Então, num que envolve cidadãos de uma sociedade, paramos para pensar.

Como profissão, é algo que não consigo atingir, porque o meu corpo é a minha alma, e a minha alma não se expõe numa vitrine, a toda e qualquer vulgar pessoa que se cruze na minha vida.

Curiosa a sensação que transmite, no vulgar género masculino, de excitação e necessidade de crítica, critica talvez por inveja, critica como desabafo de frustração, ou apenas divertimento.

 

Na altura não compreendia, da forma que hoje compreendo, a excentricidade que a aquela cidade representava e representa: torna público e livre todo o desejo que o ser humano possa ter, sem qualquer preconceito, expondo de forma crua, clara e simples. Torna visível, tudo o que por vezes pensamos que é invisível, nos nossos dias.

 

E são aqueles, os que passam no distrito vermelho, os que têm vidas equilibradas, e são aqueles que andam de bicicleta na rua, chovendo, com sol. E não é por isso que são menos profissionais. Também não é por isso que não respeitamos as ciclo vias e nos tentamos a por um pé para que tropece e caia, não é por isso que nos intitulamos de mais esforçados e civilizados, porque andamos de carro, vestimos um fato e desequilibramos tudo o resto

 

Nao entendo a contradição, da cidade que um dia foi de exposição da excentricidade humana, esteja agora a procurar controla-lá.

 

Estaremos nós agora a controlar o descontrolo que provocamos?