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Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Incompanhia

A companhia dos (in’s) INcerto INcoerente INconstante

Musica. Sol. Perfeição?

11.07.17 | Delcy Reis

Olá. Tantos foram os meses que passaram, para poder absorver um pouco o que é a vida. E o que é bom nela. Tinha ideia que era estática. Não, não é, só o é, se não existir interacção humana. Aí, sim, é somente aquilo a que nos proporcionamos. Sinto que já conquistei. Sinto que também perdi. Não sei qual dos dois lados da balança está neste momento a pesar mais. Aprendi a gostar de dormir, e a perceber como é bom. Aprendi a comer. Aprendi a não correr. Algo que até então não fazia. Não correr. Mas, estou a perder. Tenho estado a perder. Nunca pensei que o verbo ter, pudesse trazer tanto sentimento consigo. Nunca pensei que o sentimento de posse, o materialismo pesasse tanto e, por mais que nos esforcemos por negligenciar esse balanço emocional que também é promovido pelo mesmo, a dependência existe. As ruturas que promovi recentemente na minha vida, fizeram com que visse novas realidades, novas e diferentes formas de encarar a vida, que não estão erradas, são diferentes, com outros equilíbrios, com outras dinâmicas. Conquistei uma lareira, conquistei novas nacionalidades, conquistei e tenho-me vindo a reconquistar. A Reaprender quem sou. Para não mais me esquecer. A procurar não assumir o que é diferente como errado, porque não o é, só é diferente. Mas, mediante o enquadramento que temos, existem diferenças que, para não o serem, têm que ser também tratadas de igual forma, ou seja, como não sendo diferenças. Todos temos opinião, sempre válida, qualquer que seja o género. Todos podemos estar mais ou menos informados, mas todos temos uma experiência, que é válida para cada um de nós. Sim, o tempo que cá passamos faz com que, naturalmente, os mais novos possam ter menos experiências em quantidade e em diversidade. Mas não será bem assim: Existem pessoas do mundo, que vivem culturas bem diferentes de uma forma bem mais recorrente do que o cidadão comum. Existem pessoas do mundo que, pelas constantes rupturas a que estão sujeitos, vivem experiências diferentes. Saibamos que somos todos diferentes. Não nos esqueçamos dos laços que nos unem, Não nos esqueçamos que a consciência da solidão, estando só é por vezes difícil de combater. E ai sim, damos valor a cada uma das pessoas que temos na nossa vida. Por aquilo que representaram, mas também por aquilo que têm que continuar a representar. Tempos em que me ajustei àquilo que a vida me deu. Agora, está na altura de retribuir com aquilo que tenho, em busca de algo melhor. Livre, com música e sol, a perfeição é possível.

Violino na praça

06.07.17 | Delcy Reis

O contraste que a vida nos pode trazer. Algo tão sensível como um instrumento musical, com um som tão delicado, estar presente numa praça de touros, onde a brutalidade do homem se sobrepõe perante o dominio de um animal com tanta ferocidade. Talvez seja por isso que se chama violino, para suavizar o evento. Presenteei uma tourada, que me trouxe, talvez pela recente experiência de ter estado fora de Portugal, todos os pontos culturais que nos caracterizam como portugueses. Tinha uma opinião muito firme acerca das touradas, principalmente no que respeita ao sofrimento dos animais irracionais que estão envolvidos. Mas, deste vez, apreciei a destreza com que o toureiro comunica com o cavalo, e como os dois funcionam numa simbiose incrível de seres. A mestria com que o toureiro demonstra, ao tourear aquele animal, frente a frente, e a destreza, focus de converter um movimento com tamanha brutalidade, numa dança entre dois seres. Sim talvez sintam que estou a embelezar demasiado o evento, talvez porque estava calor e ainda traia o sal da praia comigo, mas fiquei enfeitiçada por aquela dança. Dança esta que, acompanhada pela música que ainda a torna mais sensual. Um frente a frente, por vezes desigual, mas intimidante. Obrigada Ribatejo, por esta experiência, que me trouxe tantas e novas sensações.

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